sábado, 15 de novembro de 2014

Voltando do (no) mundo dos mortos...

Após séculos, retorno de outro mundo para enfim aterrizar novamente nesse blog.

Ocasionalmente o trabalho, o cotidiano, as horas tortas, vão tomando nosso tempo, nosso fôlego, nossa existência, que quando nos surpreendemos passaram-se dias, meses, mortes-vidas e paramos atônitos num labirinto sem nem saber que estávamos perdidos de nós...

E, sem mais blá-blá-blá, foi isso que me aconteceu.

Porém, se o blog ficou adormecido, os escritos e as artes plásticas idem, a alma ainda suspirava posto que criei minha página e uma para homenagear Frida Kahlo no facebook.

E da página de Frida contactei pessoas, e dessas fui convidada para participar da segunda exposição do Projeto Sou Frida - autoria da artista Ana Austin - e dessa vez tendo como "mote" o Dia dos Mortos.
Foi então que em dois dias -01/02 de novembro deste - criei esta obra:

"VIVA LA MUERTE" (Jeanne Maz)
Série: Só-Frida. Tamanho 29 X 29 cm. Colagem, acrílica e vinílica s/madeira. 2014

Historieta da obra:

Alguns dizem que a última obra de Frida foi Viva la Vida e foi partindo desse pressuposto que criei a obra homenageando a vida na morte.
Segundo a tradição mexicana no dia 2 de novembro "los muertos" têm permissão divina para visitar a terra, e por isso, nós devemos recebê-los com festa e atraí-los com suas comidas, bebidas e músicas favoritas, além de fazer um altar onde jazem os símbolos que liguem os dois mundos: fotografias cheias de recordações, imagens religiosas, incensos, caveiras, doces, e muitas velas iluminando o caminho, para que eles encontrem rapidamente o caminho da vinda, mas não se percam na volta...

Me apropriei da oportuna e bela imagem da Morte do filme "Festa no céu" de Guillermo Del Toro, adicionei o mundo de Frida, misturei com símbolos de morte/vida, sofrimento( medievais, celtas, astecas, etc) e eis o resultado: foto da obra completa e um foco nas Fridas.

sexta-feira, 30 de março de 2012

EXPOSIÇÃO NANDO NEGREIROS



Um dos projetos que me tomou tempo, mas me proporcionou muita satisfação, foi a curadoria da exposição de Nando Negreiros que inaugurou dia 25.03.2012 e encontra-se em exposição no Atelier Lourenço de Bem até 25.04.12.

Segue meu texto de curadoria:

IMAGÉTICA DO INCONSCIENTE


Entrar em contato com a obra de Nando Negreiros é adentrar o repertório visual do inconsciente, onde seus signos são o prolongamento do seu eu, onde sua trajetória está fidedignamente registrada na poética do visível, onde cada peça foi tatuada - sem amarras psíquicas - com suas vivências e percepções.
A força de seu fazer artístico transforma tudo o que toca, como um Midas contemporâneo, que transmuta lixo, panos, garrafas, madeira, plásticos ou qualquer objet trouvé numa viagem imagética, repleta de sinestesias. Os materiais peculiares, as coisas do cotidiano e os elementos descartáveis rompem seus limites e se recriam numa alegoria íntima e pessoal. Assim como o “combine painting” rauschemberghiano, Nando dá ao lixo o status de Arte.
Mesmo nos seus supostos ready-mades, a força criativa desse artista brasiliense se impõe. Há uma subversão e apropriação do objeto à sua visão artística. O material escolhido não apenas muda de função, mas também é completamente transformado, impregna-se de sentimentos, buscas, texturas, dores, descobertas, alegrias, desejos... E cola, muita cola. E tinta, muitas camadas de tinta.
Nessa retrospectiva de quinze anos Negreiros impressiona pela unicidade do seu trabalho, qualidade muito rara num artista tão jovem, identidade que compactua para tornar sua obra tão marcante e inconfundível. Toda peça clama sua expressividade, cada olhar à exposição se metamorfoseia em sua percepção de mundo, tudo dialoga com o expectador, nada se perde na indiferença... Essa originalidade ora insinua-se na massa pigmentaria, ora grita no seu expressionismo violento. Algumas vezes encanta nos detalhes dissonantes, noutras arrebata-nos na interconexão entre arte e vida.
Obstante sua palheta reduzida e o abuso de tons cinzentos, a sua força cromática é imperiosa. Há um encontro (ou esbarro) entre interioridade e exterioridade. A dissecção da psique humana, tema do seu estudo na psicologia, é a matéria viva do seu trabalho e ambos progridem juntos, tendo como base a exploração da sombra, do que está camuflado, do que queremos esconder. A inteireza do homem reverbera nos seus objetos e nos toma de impacto ou assombro. Ou nos inebria...
Na arte de Nando Negreiros há uma contigüidade entre intervenções estéticas e atitudes de vida. Há um “eu” pulsátil, inominável, imprevisível. Impossível não ser tocado pela sua força artística. Impossível não se deter ante sua obra...

Jeanne Maz - Curadora

Obra Jeanne Maz



Boa tarde pessoal,
Depois de um longo tempo atolada em projetos, viagens e trabalho - muito trabalho- aproveito o baixar da poeira para retornar a esse blog com vontade.
E dessa vez espero ficar.

Ando envolta em vários projetos, mas principalmente preparando o catálogo da minha exposição: A BOCA NOVA DO BEIJO
Acima foto de um dos trabalhos dessa série.
Bem-vinda então a mim!!!!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

A seca de Brasília...



Gente, o tempo em Brasília anda terrível...
Estava pensando nisso quando recebi um texto de um amigo que discorria em palavras, magistralmente - e melhor do que eu poderia pensar! - o que eu andava sentindo.
Penso que ele conseguiu traduzir liricamente o temperamento atual desta nossa dama irrequieta: Brasília.
O texto, bem como a foto belíssima, é do Roberto Klotz. Este além de amigo é um grande escritor e para mim o Klotz é o melhor cronista dessa nossa cidade.

Degustem o texto e a imagem do Klotz. Vale também dar uma passeada no seu blog:
http://robertoklotz.blogspot.com/


"Um amigo virá a Brasília em breve. Perguntou-me sobre o tempo.
Olhei para névoa.
Estamos há exatos 125 dias sem chuva.
O ar está muito seco. Lábios racham, sangram. Pele e mucosas nasais precisam de umidificadores.
O calor está insuportável com céu bem vermelho como se fosse marketing de partido político. É a poeira do cerrado.
A grama está esturricada. Morta. Basta uma ponta de cigarro para incendiar as vastas áreas plantadas. No horizonte sempre podemos contar dois ou três focos de incêndio.
Sempre é assim. Todo ano é a mesma coisa. Alguns melhores outros piores.
Algumas cigarras aquecem a voz. Formigas protegem a entrada da toca. Os ipês brancos estão floridos anunciando que a chuva está próxima.
Quando cai a primeira gota de chuva as pessoas festejam. A cidade grita alegremente. Comemora como se fosse vitória na final da Copa do Mundo. Euforicamente todos se abraçam e telefonam comentando a novidade. Homens, mulheres, crianças, pobres e ricos se irmanam sob a chuva: festejam. Todos se molham de prazer.
No dia seguinte a grama ressuscita em verde claro pintando a cidade de primavera.
Quando outubro chegar, a cidade estará pronta e colorida para recebê-lo."

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Brasília Dia Brasília Noite
















Dia 09 de setembro ocorreu no Centro Cultural da Caixa a abertura da exposição: Brasília Dia/Brasília Noite, em comemoração aos 50 anos de Brasília.
A presidente da ACAV Flavita Boeckel (foto), idealizadora e curadora da exposição, convidou vários artistas visuais para representar em quadros de 50 x 50 cm a nossa Brasília diurna e noturna. Estes quadros confeccionados formaram dois painéis representativos da nossa cidade que será exposto posteriormente ainda em várias cidades brasileiras.

Criei 2 quadros para a exposição:
1. Brasília sob o sol dourado dos ipês (Jeanne Maz)
2. Encanto noturno capital (Jeanne Maz)


Historieta das obras:

A idéia foi colocar as árvores símbolos da nossa cidade, os ipês, representando o clima e a cor da nossa cidade.
De dia com o céu azul que se pinta de matizes no pôr do sol e faz brilhar a cidade e de noite o mistério e o encanto que podemos encontrar na capital.
Ambas árvores representam a cidadebrasília,crescendo, enraizando-se no país, abrindo espaço no céu. As raízes desta capital menina estão fincadas na ancestralidade de cor e formas do nosso povo brasileiro, em especial do Goiás, daí a simbologia que formam a terra e incorpora-se à própria cidade, que cresce majestosa ocupando indefinidamente seus espaços...

Fotos da minha arte e da exposição,
Arte e texto Jeanne Maz

Itiquira




Distante 115 km de Brasília temos a maior cachoeira de Goiás e a maior queda livre acessível do país: Salto do Itiquira.São 168m de pura magia das águas.

Por vezes - quando não estou tão torporizada de deveres e problemas - pego o carro e descanso meus olhos e alma naquele verde exuberante do Parque Municipal de Itiquira. A paz que encontro ouvindo o barulho da imensa cachoeira é indescritível e o banho gelado sempre funciona como um descarrego de energias inconvenientes.

Quando afeita às aventuras e disposta a grande esforço faço a trilha que leva ao topo da cachoeira, uma subida íngreme, difícil e que desafia o corpo. Das trilhas que conheço aqui no cerrado é a mais difícil e, portanto, a que mais prazer promove quando realizada.

Mas neste último agosto fui com minha mãe e estávamos à busca de sossego e tranquilidade e voltamos recompensadas pelo passeio e impregnadas pela paz que Itiquira nos banhou...

domingo, 1 de agosto de 2010

Ilha do Marajó, ilha doce...
















A viagem à Belém, além de todas as maravilhas, me proporcionou conhecer a Ilha do Marajó, maior ilha fluviomarinha do mundo. E valeu a visita!!!
A travessia por si só é uma aventura. É realizada numa balsa gigantesca onde vemos adentrar inúmeros caminhões, ônibus, motos, bicicletas, pessoas, animais e as cargas mais diversas. Dura em torno de 3 horas e você a começa de madrugada e a faz contemplando o nascer do sol mergulhado numa infinidade de águas.
A Ilha localizada na foz do Amazonas é onde está o maior rebanho de búfalos do Brasil e na ilha a população desses animais é maior do que a humana. O búfalo de origem asiática, trazido no final do século passado para o Brasil, se adaptou melhor ao clima amazônico, especialmente Ilha do Marajó - bobinhos esses animas, né?!?!. Eles são companheiros constante nas estradas e rodovias toda vez que estivermos passeando pela ilha. E assim se deu.

As praias enormes, com ondas e com horizonte de água à frente, em nada difere do mar. Aliás, frequentemente eu saboreava a água para conscientizar minha visão que era realmente água doce, pois meus olhos recusavam frequentemente essa realidade.

E como somente os prazeres espirituais não são suficientes aproveitamos a estadia para degustar a carne de búfalo (deliciosa) com queijo de búfala. E para entrar verdadeiramente no clima local saboreamos as frutas da terra inseridas no melhor contexto possível, na forma de caipirosca de carambola, bacuri, cupuaçu... claro, né?

No aeroporto, no retorno, tão familiarizados já estávamos com a terrinha que misturamos vodka com sorvete de açai e a despedida se tornou mais doce, mas não menos saudosa...

sábado, 31 de julho de 2010

Belém do Pará, onde os sinos nos chamam











































Quando os sinos tocam devemos ir:
Eu fui!!!

A estrela deste julho brilhou para eu ir a Belém, sem eu ter planejado antecipadamente e até - confesso! - sem muito interesse pela cidade.
Mas se o amor chama, devemos ir, sempre...então fui...

Porém, que surpresa deliciosa! Uma das melhores viagens da minha vida!
Me encantei com a cidade: histórica, harmônica, convidativa.
As pessoas são hospitaleiras e extremamente gentis, a comida é simplesmente sensacional e a cidade vibra de opções turísticas.
Em oito dias não deu para ver tudo, mesmo com meu esforço, nesse caso hercúleo, de o fazê-lo. Mas o que vi e vivi valeu...
Pretendo voltar breve com meus filhotos, pois qual é a graça de conhecer um lugar maravilhoso se não compartilhar com quem a gente ama, né?

Passado uma semana ainda guardo o cheiro, o colorido e o gosto dessa Belém, mais que sedutora, com sua Estação das Docas, seu centro histórico com a Casa das 11 Janelas, o Forte do Presépio e a Igreja da Sé, a cerâmica de Icoaraci, as praias da Ilha do Mosqueiro, os igarapés, as praias doces.
Bem, em breve espero que meus próprios sinos me levem de volta a essa "Cidade Morena", cidade feiticeira...

Chapada dos Veadeiros: terceiro capítulo


















Chapada dos Veadeiros oferece tantos atrativos que necessitei mais espaço para falar desse passeio e o dividi em capítulos a jornada.
Esse é o último da série.
Quando estamos na Chapada é comum que os animais nos surpreendam nas trilhas, desde que tenhamos paciência e curiosidade de encontrá-los.
Olha o que encontramos no meio do caminho na trilha do Vale da Lua!

E as aventuras são inúmeras: rapel, arvorismo, tirolesa. A foto é da tirolesa de 800m de queda. Se pensa que sou eu na foto, lamento informar, mas é meu filho que experimentou várias dessas aventuras. Nesse caso restringi-me ao papel de mãe: torcia, fotografava e me preocupava...
Minha valentia com alturas, se é que um dia existirá, deve ainda estar sendo gerada...

Bem, as cachoeiras, tantas, e de estruturas diversas me emocionaram; acho que meu ascendente escorpião, das águas profundas, sente uma atratividade enorme por esses banhos. Embora confesso que sou fascinada mesmo por águas, quaisquer. Isso já valeu até brincadeira da minha prima-irmão, Rita, que uma vez me segurou a mão e disse:
- Jeanne, deixa eu segurar tua mão quando a gente passar nessa poça dágua por que do jeito que tu gostas de água se eu me distrair tu pula nessa poça d`água, no meio da rua, com roupa e tudo.

Admito! Sou assim mesmo: praia, cachoeiras, piscina, rio, riacho, lago, córregos, poços...me atraem como imãs.

Então segue fotos das cachoeiras outras (além do Vale da Lua e do Parque Nacional) que me seduziram nos Veadeiros.
Em ordem: Almécegas II, Poço Encantado, São Bento e Almécegas I

Um capítulo à parte na Chapada dos Veadeiros: VALE DA LUA










Vale da Lua é um dos atrativos mais visitado da Chapada dos Veadeiros.
É um curioso vale rochoso com cânions e minigrutas que confere ao lugar uma aparência extraterrena e que valeu o nome de Vale da Lua, pois muitos acreditavam serem as suas pedras lunares.
Essas rochas foram esculpidas pelas águas ao longo de 600 milhões de anos e o Rio São Miguel percorre esse trecho formando várias piscinas naturais e nos convidando para um banho (vale frisar que em julho a água fica geladíssima, afastando as almas menos afeitas ao frio)

Acredito que há momentos e lugares que as palavras não têm como explicar, somente as imagens traduzem as verdadeiras impressões... fica nesse caso o meu registro que fala por si...

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Dionisíacas


















































Adoro Baco, isso é amor confesso, e todo mundo sabe, mas o que não sabem é que participei (in)diretamente de "uma bacante", ao vivo e registrando tudo. Explico!

Adianto que não sou teatróloga, somente uma amante da história da arte e uma deslumbrada pelas manifestações artísticas puras e, meus comentários, merecem desconto, pois fiquei extasiada!
Vamos ao cerne do evento para que vocês opinem:

Neste último maio o grande Zé Celso Martinez montou "um teatro" aqui em Brasília na Esplanada dos Ministérios: "As Dionisíacas". Provavelmente guiado pela origem do teatro que se deslocava com carroças para desenvolver os espetáculos, ele montou uma tenda magistral que abrigava as 6 horas de espetáculo em quatro dias seguidos.E pasme!, cada dia um espetáculo diferente.
Eu que não sou atriz, fiz teatro 2 vezes em peças pequenas (registre-se que aos 18 anos) fiquei exaurida de pensar . Agora, imaginem 6 horas seguidas numa arena enorme (cantando, dançando, correndo) com intervalo de 30 minutos...

Os atores,principalmente o Zé Celso, que reinava absoluto no palco, resistiram heroicamente e com desempenho notável. Somente isso já valeria os elogios e também a súplica: quero um pouco desta bebida que os transformaram em semideuses!
Bem, mas a grandeza não pára aí.
A peça realizada no sábado era "Bacantes". Somente para relembrar a peça contava o mito de Baco (Dinonísio), filho dileto de Zeus, com a mortal Sêmele e sua gestação final e parto na perna de Zeus. Para proteger da sua esposa, Hera, Zeus transformou Dionísio em bode e o "condenou" a viver no monte Nisa com sátiros e ninfas. Na adolescência Baco descobre as videiras na região, transforma seu suco no vinho e de tão alegre com a descoberta e seus efeitos, sai a cantar e dançar no mundo com todo séquito de amigos e assim volta triunfal ao Olimpo, após resgatar sua mãe dos infernos. E com vinho nas mãos não foi difícil convencer os deuses a torná-lo imortal, é claro!

Essas primeiras Bacantes eram festejos que percorriam cidades (como procissões) e atraia pessoas dançando, cantando com tochas, sacrificando bodes e claro muito vinho. Dessas festas que foram crescendo e se organizando deu-se a "origem do teatro".

E o que Zé Celso fez na sua peça de tão especial?
Resgatou o espírito primitivo do teatro, com um grupo singular de atores que recriava o mito báquico e ao mesmo tempo os primeiros espetáculos que o mundo assistiu. Assim como na sua origem a platéia entrava na festa: ora dançando, ora comendo uva e degustando vinho, ora invadidos por estimulações eróticas...

E com o correr do espetáculo que foi adquirindo conotação orgiática, como tinha de ser - pela proposta, pelo resgate mítico, pela originalidade do espetáculo primordial - o público começou a participar dançando, cantando, sendo estimulados pelos atores, beijando-se, tirando peças de roupa (alguns ficaram nus, como os atores). E o jogo de sedução sensorial invadiu todos os espaços da peça e deste mundo dionisíaco temporário.
Foi artístico, forte, fenomenal!!!

Alguns alegaram que ouve exageros de sexualidade e que assim já não era teatro...
Discordo veemente!!! Era teatro-essência, primitivo, selvagem, puro, invadindo todos os sentidos humanos, transformando o público em atores e vestindo-se de toda ancestralidade do teatro primordial.
Texto Jeanne Maz